segunda-feira, 13 de novembro de 2006

WineGeek's @Cêpa Torta, náLijó



Quase no fim das vindimas, como que um jantar de despedida das fermentations 2006, um grupo de winegeeks rumou àLijó (n.Ed.: para quem não é do Douro a vila de Alijó é referida pelos autóctones com áLijó, assim não se diz fui a Alijó mas sim fui áLijó, ou venho de Alijó em alijoense, pinhoense, ..., é venho d'áLijó) para um jantar com 2 pretextos: provar uma catrefada de novidades de 2004 e proporcionar uma refeição sem sopa de feijão com batata e arroz e massa e couve galega a dois sacrificados estrangeiros (ela brasileira, ele suíço) que aterraram na Quinta do Passadouro para experimentarem o rigor das vindimas no Douro.

O restaurante Cêpa Torta, do chef Rui Paula e Cristina Ribeiro, é um Oásis (não confundir com o estabelecimento com este nome também n'áLijó) no Douro. Casa de fama antiga pela comida regional e pela arte de bem receber, não ficou agarrada e contente com esse estatuto, pelo contrário tem evoluído e é hoje uma realidade incontornável na boa mesa do Vale do Douro. Na cozinha, nos vinhos e no serviço.
Sentimo-nos bem aqui, temos vontade de voltar aqui.

O Chef Rui preparou um menu especial onde brilharam a Terrina de Foie e o Gratinado de Maçã com gelado bom.
Nos vinhos houve surpresas de 2003, a certeza que os 2004 estão muito bons e o Vértice Super Reserva 2000 bruto zero que já se tornou o fetiche d'áLijó e arredores.

Uma nota final para o carácter cosmopolita desta cena, com a lista das nacionalidades presentes: portugal, españa, france, suisse, brasil.
tásse n'áLijó.

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Cim(bago)lino duplo (com Cafeína)



Porto, Foz, rua do Padrão, restaurante Cafeína, 28 de Setembro de 2006.

Ou melhor, esta estória começou bem antes com o convite do Fooding Club (fooding meaning o cruzamento entre food e living) para um jantar com vinhos da Bago de Touriga. Convite esse, gerado pelo triângulo Luís Cândido (Tio Pepe), Vasco Mourão (Cafeína) e Carlos Nunes Pinto (Fooding Club).
O Vasco Mourão andou às voltas com os Gouvyas para conceber um menu apropriado.
Depois fez vários testes para afinar pormenores.
E, digo com a possível imparcialidade, trabalhou muito bem, o resultado gastronómico foi excelente.


Na recepção aos convivas apresentamos as duas novidades nos vinhos mais simples, gosto de dizer vinhos para ocasiões mais relaxadas, para ir habituando nariz e boca à Bago:
Montevalle branco 2005 com uma boa acidez e algum mineral, volume quanto baste para um branco que se quer equilibrado e leve.
Terroso de 2004 um passo em frente relativamente ao de 2003, tanto no vinho como na roupagem. Acho que é um tinto óptimo para todos os dias, alternativa a outros Douros de maior circulação e tiragem.

Quanto aos vinhos para a mesa, a nossa ideia foi mostrar todos os Gouvyas nas versões 2003 e 2004.

Começamos com Foie de Tamboril com Especiarias, IMHO o prato da noite onde a delicadeza do Foie se conjugou com uma ruccula salteada nunca antes vista e amêndoas laminadas, tudo buscando componentes do Gouvyas Reserva 2003 branco.
Para o Gouvyas Reserva 2004 branco tivemos outro foie, Foie Gras com Pesto de Tomate seco e Azeitonas onde, apesar do raviolli ter passado o ponto al-dente (compreensível quando se tem de servir um grupo tão grande) o pesto e o ligeiro aroma trufado combinaram bem com este branco mineral, estruturado mas leve.

Cada vez me parece mais lógico não deixar o melhor para o fim em refeições com bastantes vinhos, ainda mais quando não se está a provar mas a saborear, o que implica beber. Assim, insisti com o Vasco para servirmos os Gouvyas Vinhas Velhas antes dos Gouvyas, tout court. Para os VV 2003 e 2004 o Vasco inventou um risotto de Radichio para acompanhar Bacalhau frito com crosta de Cogumelos. O risotto não foi consensual mas para mim funcionou às mil maravilhas com o verdor do radichio a ligar com estes vinhos de sol.

Para além do que disse em cima é fun provar os Gouvyas depois dos VV porque, normalmente, é fácil. Os Gouvyas não parecem uns vinhitos depois dos VV como tantas vezes acontece quando passamos de um vinho muito bom para outro menos interessante. Tenho me fartado de repetir, e por isso desculpem-me os que já conhecem esta marmelada de cor e salteado, que Gouvyas e Quanta Terra são das melhores relações preço/qualidade que é possível encontrar no Douro. Para acompanhar os Gouvyas 2003 e 2004 o Vasco serviu o Lombinho de Porco Preto gratinado com Chalota e Parmeggiano.

A refeição terminou com Figos com Sabayon de Canela e Coulis de Framboesa com o LBV 2000 25º Aniversário da Quinta do Infantado. Eu, adoro este vinho, pelo que está dentro da garrafa (um dos melhores LBVs do Infantado), pelo que está fora da garrafa (um rótulo soberbo do Arqº Álvaro Siza Vieira) e pelo que representa (25º aniversário do primeiro engarrafamento de Vinho do Porto por um lavrador no Douro, a Quinta do Infantado em 1979). Chamei-lhe um figo!

Enfim, 9 vinhos mais tarde a arte do Luís Soares Duarte não deixou dúvidas a ninguém. Do Montevalle 2005 branco ao Quinta do Infantado LBV 2000, uma enorme coerência onde equilíbrio e elegância e frescura são notas dominantes.

Seguiu-se um leilão a favor da Campo Aberto, onde o leiloeiro brilhou com graça e chalota :-).
O ambiente esteve excelente e contribuiu para que esta fosse uma excelente noite, daquelas para mais tarde recordar.
Termino agradecendo ao Vasco Mourão e toda a equipe do Cafeína, ao Fooding Club, ao Luís Cândido, à Manuela Leão Ramos, a todos os presentes e, porque não?, ao Porto onde nasci e cresci.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Still alaive!



Still alaive! e Back to business
Já é outono, já passaram dois meses desde o último post. Sorry.

Estórias não faltam. Cafeína, France, n'Álijó com chef RUC, Homages, EVS, Tio Pepe, Degusto.
O filme segue dentro de momentos.

Camarada Vasco & Letra é uma homage to Vitor.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Bago de Touriga @Cafeína


Um rápido anúncio.

No próximo dia 28 de Setembro, 5ª feira, às 20h30, os bagos (Luís Soares Duarte e mois même) descem à Invicta e Leal para um jantar do Fooding Club no famous Cafeína.

Será o culminar, o apogeu, a cerise em cima do cake, das comemorações dos 250 anos da Região Demarcada do Douro (eh eh eh!).
(este parágrafo é pura paródia)

Num tom mais sério, enquanto os bagos se ocupar a levar as Tourigas, as Tintas e as Brancas para os lagares e cubas e de lhes tratar, bem, da saúde nesta vindima de dos mili y seis, o Vasco Mourão anda às voltas com o menu (ainda um mistério) de mais este jantar do Fooding Club.

Quanto aos vinhos apenas revelarei que vamos apresentar novidades de 2004 e 2005 e não novidades de 2003 e 2000.

O preço do jantar, €40, inclui ainda a possibilidade de licitar num piqueno leilão a favor da Campo Aberto.

Enfim, enough pub.
Vai esgotar, so, se quiserem as reservas são no 226108059 / 226189953

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Douro 2500 Anos Luz



O Douro comemora 250 anos de Demarcação.
Desde já, parabéns, é uma linda data.
No entanto, pretendo ilustrar, com a imagem em cima, uma certa encruzilhada no rumo duriense.
More to come, num futuro próximo.

Votos de boa vindima para todos, cá em .PT e elsewhere.

Até já (by Optimus)

quarta-feira, 26 de julho de 2006

Las rutas del vino - Portugal por Luis Gutiérrez




Luis Gutiérrez é um sério apaixonado do vino. Melhor, é um um sério apaixonado de muitos vinos. Entre eles, atrevo-me a dizer, os portugueses, e ainda mais os do Vale do Douro, ocupam um lugar especial.
Luis Gutiérrez acompanhou a recente evolução do vinho em Portugal, de novo, a do Vale do Douro ainda mais, como (talvez) nenhum outro wine writer não residente em PT. Nas suas muitas visitas conheceu, e deu a conhecer a outros espanhois, muitas bodegas portuguesas. Em Madrid organizou e/ou participou em diversas catas de vinhos portugueses, esteve presente em jantares, divulgou de formas diversas os nossos vinhos.
Na sua última visita, veio ao centenário da Quinta de La Rosa, surpreendeu-me com uma oferta, um livro. Pois, que no hace muchos meses tínhamos falado num livro sobre os vinhos PT, sobre o Douro... Não podia acreditar que o livro estava feito.
Na "biblioteca METROPOLI" (Metropoli é um suplemento urbano do El Mundo), na colecção "las rutas del vino" (há as ... en España e há as ... en el mundo), Luis escreveu o volume 19 - Portugal: Douro, Oporto, Dão, Bairrada, Alentejo.
Sendo um guia de ruta, a sua organização segue um modelo confortável para o viajante.
Se Luis é un escritor de vinos, acho que se sai muito bem neste papel de escriba más turistico. Luis faz uma introdução ao país e depois seguem-se as rutas por regiões produtoras. Os nomes que Luis encontrou para as suas rutas, despertam a curiosidade. Sentem a tentação de De Muxagata a Santa Marta de Penaguião ou De Buçaco a Anadia? Para além de textos sobre algunas bodegas, há diversas informações sobre locais a visitar, alojamento, gastronomia e restaurantes, tiendas, curiosidades.
Mais um esforço positivo e de qualidade do Luis Gutiérrez na divulgação do vinho português e do que se faz em PT. Parabéns!


Estas rutas del vino vendem-se em España a €4.95. Não sei se vendem para Portugal mas podem ligar ao Servicio de Atención al Leitor +34 902 999 946.

segunda-feira, 24 de julho de 2006

Portugal: Um Retrato Gastronómico


Está quase no prelo a obra Portugal: Um Retrato Gastronómico. Trata-se de um livro com os chefs Antoine Westermann e Miguel Castro e Silva, sob uma ideia e coordenação de D. André de Quiroga.
Não precisando, obviamente, os dois chefs de apresentação, parece-me interessante recordar, quanto mais não seja para avivar a memória, etapas importantes de ambas as carreiras.
Respeitando a ordem alfabética do nome começo por Antoine Westermann.
No percurso de Westermann o restaurante Le Buerehiesel (4, parc de l’Orangerie - 67 000 Strasbourg) é a referência incontornável. Desde 1970 que a inspiração e a força criativa de Westermann têm por base esta sua cozinha na Alsace. O desenvolvimento de conceitos e todas as receitas originais tiveram lugar neste restaurante, uma casa original de Molsheim, construída em 1606-1607 e posteriormente desmontada e remontada, peça por peça, no parc de l’Orangerie. Hoje falar de Westermann é também falar da sua família Viviane, a esposa, coordenadora do Le Buerehiesel, e os filhos Eric, na cozinha do Le Buerehiesel, e Jean, director do Secrets
de Table (o seu segundo restaurante em Strasbourg).
A sua relação com Portugal iniciou-se em 1998, a convite de Alan Ho (sobrinho de Stanley Ho, magnata de Macau), no restaurante Fortaleza do Guincho. Como chef consultor Westermann montou uma equipe chefiada por colaboradores próximos (inicialmente Marc le Ouedec como chef executivo, lugar actualmente desempenhado por Vincent Farges) que aceitaram colaborar nesta aventura. A cozinha da Fortaleza do Guincho é hoje em dia Antoine Westermann à portuguesa.
Miguel Castro e Silva é, IMHO sem sombra de dúvida, um dos melhores chefs a nível mundial. No seu percurso abriu 3 restaurantes próprios Quinta dos Vales, Restaurante do Miguel e, em 1997, Bull & Bear onde se mantém.
Miguel tem uma carreira singular, baseada em dois princípios angulares: a recriação de sabores e aromas portugueses e uma estreita, e sempre presente, ligação entre a gastronomia e vinhos.
Não resisto a citar MCS: "Muitas das recordações que perduram na nossa memória encontram-se ligadas a um sabor especial, a um perfume, ..." ou "A minha principal fonte de inspiração são sempre os sabores e os cheiros."
Refiro, como exemplos que me estão mais próximos mas não esquecendo que se trata apenas de 2 singelos momentos numa carreira com dezenas deles, os dois jantares que a Bago de Touriga realizou em colaboração com o Miguel, onde se levaram a cabo maridagens clássicas (Cachaço de Porco preto com migas de grelos + Gouvyas 2003 tinto) e outras mais ousadas (Pezinhos de Coentrada com Risotto de Açafrão + Gouvyas Reserva 2003 ou Amêijoas com Feijão Manteiga + Gouvyas Cuvée OP 2000 magnum), com resultados magníficos.
A paixão do Miguel pela cozinha não é maior do que a que nutre pelo vinho. E, como corolário, o seu papel na divulgação dos vinhos portugueses foi/é de enorme relevo.

A ideia de D. André de promover “produtos portugueses de denominação de origem e autenticidade incontestável”, inserida no projecto A Arte de Ser Português, passa por estes dois grandes chefs. O desafio é que cada um crie receitas originais para produtos DOP e/ou IGP.
Tudo isto vai aparecer “num livro luxuoso mas também embaixador dos sabores e produtos portugueses no circuito internacional de alta cozinha”. Para além da cozinha testemunhos de alguns dos mais importantes personagens dos vinhos portugueses como Fernando Guedes, João Nicolau de Almeida, Dirk van der Niepoort, Álvaro Castro, João Portugal Ramos, entre outros.

O conceito parece-me excelente e, pelo que pude ver, o resultado também.
Acrescento, parece fácil mas não é. Daqui vai uma palavra de estímulo e outra de congratulations para Mr. Quiroga. 3 HipHipHurras para o Conde!

(www.aartedeserportugues.com.pt)

segunda-feira, 17 de julho de 2006

1906-2006 Quinta de La Rosa 100 anos

Celebrou-se no passado fim-de-semana o centenário da Quinta de La Rosa.
Foi em 1906 que a quinta foi oferecida a Ivy Winifrid Claire Feuerheerd, conhecida de forma mais simples como Claire. Até aos anos 30’s a quinta foi dirigida pelo seu pai, Albert.
Em 1930 Claire casou com Eric Bergqvist, e no ano seguinte, a 17 de Julho, faz hoje 75 anos, nasceu Tim. Parabéns, Tim!
Claire runs the quinta até 1972. Segue-se o filho Tim.
Com a ajuda da filha Sophia começam a fazer Portos sob o nome Quinta de la Rosa em 1988 e, com uma mãozinha de David Baverstock, Douros em 1991.
Em 2002 Jorge Moreira joins la Rosa. Em 2005 compram a Quinta das Bandeiras no Douro Superior.

Assim escrito, muito telegráfico e factual, não tem grande piada, i know. Mas ouvir a Sophia a contar esta história de um século, com todas as peripécias, sucessos e insucessos, alegrias e tristezas, teve um sabor especial.
Mais de uma centena de convidados dos onze ou doze cantos do mundo puderam não só ouvir a Sophia, como partilhar com os Bergqvist e toda a sua equipe momentos de puro prazer.
Obrigado e love 2 U, too.

quarta-feira, 12 de julho de 2006

Blue ou cor-de-rosa?




Saiu a Blue Wine nº 3 Julho de 2006. Será blue ou é mesmo cor-de-rosa?
Unas breves notas.

TOP 100 Vinhos Portugueses – seis novas entradas no “ranking”. Ok, digo eu, mas so what? Esta do TOP não deixa de ter as suas coisas. É que comparar, just as an example, um Loureiro com um Porto Vintage, tem que se lhe diga. E, penso eu de que, se não houver um Loureiro no top em Portugal onde é que vai haver?

Rui Falcão – não deixa de me surpreender, a cada nº da BW, a quantidade de textos da autoria do Rui Falcão: refeição extravagante (incluindo a prova dos brancos doces), Que vinhos guardar, Segredos do Vinho, Castas, Produtores de Garagem, mais parte das provas mensais. É obra!

Não gosto muito do termo garagem. [ainda por cima, hoje em dia, teríamos que perguntar “Mas é garagem ou garagem multimarcas?”]
Historicamente, é verdade que alguns vinhos começaram a ser feitos em verdadeiras garagens, exemplo máximo o vizinho Pingus. Também há algo da mística Apple e Microsoft, negócios também garage-based nos seus primórdios. Daí a chamar-se vinho de garagem a tudo o que é feito em pequenas quantidades (normalmente também com preços caros) foi um pequeno passo.
Penso que está por definir a quantidade limite da garagem, é um pouco mais complicado do que nos anúncios dos T4 com 2 lugares de garagem. Menos de 5’000 garrafas? Menos de 10’000? Menos de 20’000?
É evidente que o Rui pegou no título por sonante, pois o artigo (nas suas 4 partes) leva-nos mais para terroir do que para cambotas ou mudanças d’óleo.

Beber, ou como se diz aqui no Norte parolo “buber”, 18 brancos doces numa refeição não pode ser fácil. Mesmo a 50ml, equivalente a 3 ou 4 gotas ou pinguitas, sempre dá quase um litro, e umas boas dezenas de gramas de açúcar. Enfim, dito isto não importava de ter estado chez Koerper.

Outro título muito título como, suponho eu, um título deve ser é La vie en rose. Titule-se, pois.

Tudo em família conta a saga de uma família que de torna-viagem em torna-viagem se tornou o maior fornecedor de frigoríficos à Auto Europa. Um milhão e meio! Uff, que frio!. (just joking)
A sério, penso que todos os que já bebemos goles e pingas há uns anos temos, algures nas nossas memórias, um vinho da JMF ligado a este ou aquele momento importante. O Luís Costa descobriu uma boa máquina do tempo.

terça-feira, 11 de julho de 2006

FUGAS: Bragança e Alvarinho vs Albariño


Uma pequena nota sobre o FUGAS do passado fim-de-semana. Destaco Bragança no artigo do Pedro Garcias, “O renovado solar de Trás-os-Montes”. Para além de tudo o resto que é elogiado é de referir que “em Bragança é um crime comer mal”. Remato como o Pedro: “Porque, se há cidade onde vale a pena ir pela comida, Bragança é uma delas. Sobretudo agora que a distância deixou de ser um problema”.
Do David Lopes Ramos, Prazeres, é interessante o artigo sobre a prova Alvarinho vs Albariño realizada em junho de 2006 (já abundantemente ecoada na blogosfera).
Tanto quanto sei, e penso estar correcto, a primeira prova do género ocorreu há 6 anos, 10 de junho de 2000, e foi organizada pela Bago de Touriga e Susana Estéban! A prova foi cega com 8 catadores e 7 provadores e 12 Alvarinhos e 11 Albariños, sendo todos os vinhos de 1999. Dizíamos nós na altura: “Rías Baixas y Monção-Melgaço son dos regiones donde el Albariño/Alvarinho reina. Separadas apenas por el rio Miño/Minho, las dos regiones tienen mucho en común pero trabajan de una forma aislada, con poca comunicación y intercâmbio de ideas entre si. Esta prova-cata pretende romper con ese aislamiento y, al mismo tiempo, evaluar comparativamente los vinos que se hacen actualmente en Rías Baixas e Monção-Melgaço. Pretendemos que este sea un primer paso para uma nueva atitud y relación entre minhotos y galegos. ”
Por razões diversas esta prova nunca foi repetida, tendo-se, assim, perdido alguns dos objectivos pretendidos.
Entretanto, os Galegos entraram em força em Portugal, e falo de vinhos, sendo dois dos exemplos mais fortes o grupo Sogevinus (Calém, Burmester e agora Barros) e Quinta de Ventozelo...

segunda-feira, 3 de julho de 2006

Dia do Vinho @Palácio da Bolsa, 2 de julho '06


Pelo segundo ano a ViniPortugal quis celebrar o Dia do Vinho. É uma ideia recente, com mérito, mas, provavelmente, a repensar. Uma questão de datas, ou dias da semana, ou calor e praia, ou depois da selecção vencer a Grande Bretanha precisava-se mais de Frizes e Vidagos que copos de vino? Não sei, mas é certo que o vinho merece mais.

Fiquei-me praticamente por provas de brancos e rosés, excepção 3 tintos da Quinta de la Rosa, Vale da Clara 2005, Quinta de la Rosa 2004 e Quinta de la Rosa Reserva 2004, um Quinta de Azinhate 2004, e 2 Porto Vintage, Borges 2003 e Quinta de la Rosa 2004 (este último em amostra, mas já o lote final). Ainda bebi um Quinta do Noval, demasaido quente, com uns pedacitos de Roquefort.

Enfim, agradável para rever alguns amigos (incluindo o Saca-a-Rolha) e provar algumas coisas interessantes numa onda muy relax.

ViniPortugal, ViniPortugal
Não há outra igual.

Niepoort @Degusto, 29 de junho '06

A Niepoort fez um jantar de apresentação de novidades, na passada quinta-feira, 29 de Junho, no Degusto, Ristorante & Wine Bar, Rua Silva Aroso em Matosinhos.

Foi bonito ver todo o clã Niepoort (Dirk y Verena Niepoort, José Teles, Luís Seabra e Nick Delaforce) reunido. Não há nada a fazer ou a dizer, no nosso mundo vínico .PT a Niepoort é, incontestavelmente, a companhia mais charmosa.

Segundo nos contaram, este jantar foi assim como que “a primeira apresentação de novidades da Niepoort em Portugal”. Custa a crer mas, pelos vistos, nunca tinham organizado algo estruturado como uma “apresentação de novidades”. Por mim, podem repetir quando quiserem, com novidades ou sem novidades, com velharias ou sem velharias. Gosto deles e gosto dos vinhos.

Mais importante que notas sobre os vinhos, ou igualmente importante mas right now more fun to write about, foi a alegria e energia que percorreu todo o jantar. O José Teles, como sempre, com a sua personalidade CEO, o Dirk sem se atrapalhar no meio dos feed-backs do microfone, qual MC da fruta e da frescura, o Luís o verdadeiro charme de Nápoles. Tive pena que o Nick não tenha dito algo, también. Terá ficado seco com as explicações que teve que prestar na sua mesa, a que reuniu Os5às8, certamente uma das mais curiosas.

Gostei dos vinhos, se tivesse que escolher 3 para beber agora seriam: Porto Very Old Dry White, Tiara 2005 e Colheita de 1991. Os 3 tintos secos 2004 mais sérios, Redoma, Batuta e Charme mostram, para já, alguma da sua personalidade, mas vai ser preciso esperar por eles.

Ainda houve tempo para umas peripécias de magnums para cá e para lá (fico à espera de um convite para uma de Redoma Reserva 2004 branco que levei do Douro para Matosinhos). Tá-se bem!

Enfim, tivemos um glimpse duma Niepoort cada vez mais confiante, cada vez mais sólida. Apetece dizer: long reigns Niepoort.

terça-feira, 27 de junho de 2006

Credibilidade y Bom Senso


Mesmo antes do número 200, a revista de Julho, a Revista de Vinhos 1999 faz, nas palavras do director Luís Ramos Lopes, dois avanços significativos: remodelação gráfica e reforço do tema gastronomia.

Quanto à remodelação gráfica não sei, por enquanto, que diga.
Em Janeiro de 2005, número que marca os 15 anos da Revista de Vinhos, dizia o Luís "A Revista de Vinhos aparece de "cara lavada", ... evidencia um conjunto de novos pormenores estéticos que visam tornar a leitura mais fácil e agradável. Uma renovada atenção à qualidade fotográfica ..."
Em Junho de 2006, um ano e meio depois, diz, de novo, o Luís "a remodelação gráfica, que visa tornar mais apelativa a leitura, através da melhor arrumação do texto e do maior destaque das fotografias".
Quando o grafismo é profissional, gostar mais ou menos é uma questão pessoal. A qualidade das fotografias está muito relacionada com a pré-impressão, o Ricardo Palma Veiga já não tem nada a provar quanto à sua qualidade fotográfica.
Como primeira impressão não fiquei deslumbrado.

Muitíssimo mais importante, pour mois, é o David Lopes Ramos.

Quem o conhece, e refiro-me ao que escreve, sabe da enorme competência, credibilidade e bom senso do David e como é agradável a leitura da sua escrita.
O primeiro artigo, Bacalhau - uma paixão nacional, mostra um David Lopes Ramos num formato diferente do FUGAS, com mais espaço para nos informar e educar, com a possibilidade de ir mais fundo, desenvolver o tema como ele gosta.
Só por si, a chegada do David à Revista de Vinhos, é um plus importantíssimo.

Tem-se escrito, em muitos e diversos sítios, que a Revista de Vinhos muda para responder à Blue Wine. Na maior parte dos casos, passa-se a ideia que esta mudança é a prova que a Revista de Vinhos estava cansada, menos interessante (estou a eliminar opiniões radicais pois, na sua maioria, não passam de ruído e, sinceramente, não me interessam as polémicas estéreis).
Por um lado, acho positiva a concorrência, sendo leal e franca induz a evolução e traz benefícios ao mercado. Por outro, não acho correcta esta associação causa-efeito.
A equipe da Revista de Vinhos é constituída por grandes profissionais, que nunca estiveram a dormir à sombra da videira. Sempre defendi o que me parece mais importante, e aqui estou totalmente de acordo com o Luís Ramos Lopes, a credibilidade e, acrescento eu, seriedade da Revista de Vinhos.
Isto não quer dizer, nem poderia ser de outra maneira, que concordo com tudo o que se escreve. Que não há notas e comentários a vinhos que não me parecem muito acertados. Que não gostaria este ou aquele tema, para mim importante, abordado na Revista.
É como fazer um vinho. Para além das ideias e vontades que temos, e estas vão mudando à medida que vamos aprendendo, errando, acertando, tentando, há muitos factores que influenciam o resultado final.
É como quando nós provamos um vinho. Porquê que hoje não nos sabe tão bem como na semana passada? Porquê ao lado do vinho x o vinho y parece diferente? Todos temos experiências que nos surpreendem, que nos intrigam.
Mas, aos críticos não o permitimos. Não, só deram 12 porque não gostam do produtor, não fez anúncios, ... Se tem 19 é porque lhes encheram a cave de caixas e caixas, convidaram para grandes jantaradas, alteraram a nota quando viram o rótulo...
Não tenho dúvidas que não é assim que a Revista de Vinhos trabalha.

Enfim, em resumo, considero a Revista de Vinhos muito boa, talvez melhor do que nós portugueses mereceríamos. Tem um trabalho de muitos anos que foi decisivo na formação enófila do país. E continua aí para as curvas.

segunda-feira, 26 de junho de 2006

Focus


Focus é uma boa palavra.
Em português costuma ser enfoque o que não me soa ao mesmo.

Em Dezembro de 2004 escrevi que este era o food y vinos blog. Mas a comida ficou congelada e os vinhos como que pasteurizados. Nada evoluiu.

Quando retomei a blogada, já em 2006, acabei por incluir no gotaepinga posts que não estavam no seu terroir, não se sentiam bem neste lugar.

Hoje fez-se luz: focus.
Senão é gotaepinga vai p'ró
http://www.EletroPope.blogspot.com/

(já fiz a mudança dos posts)

E por aqui só fica o que é, mesmo, gotaepinga.

Granizo no Vale do Douro, 2

Videira na Quinta do Noval, 2006-06-23
Volto ao granizo no Douro para mostrar um exemplo de uma videira afectada. Para além das uvas há diversas feridas nas varas (assinalei uma).
Nos últimos dias tenho lido vários comentários sobre este assunto e algumas pessoas parecem achar que tudo não passa de uma fábula e mais uma lamexixe dos produtores que só sabem andar atrás do subsídio.
Engano puro. Esta queda de granizo, embora localizada, atingiu uma área bastante grande e onde caiu os prejuízos são elevados (alguns só se verão mais tarde, dependendo da cicatrização das varas).
Acresce que foram afectados algumas vinhas que dão origem a grandes vinhos do Douro. Se é claro que todos os viticultores merecem a nossa solidariedade, não podemos evitar ficar ainda mais desgostados por pessoas que para além do esforço e paixão dedicado às suas vinhas ainda dão o passo seguinte, concentrando igual energia na adega, se vejam na situação em que estão.
Ficamos todos mais pobres!

De novo Ljubomir e o 100 Maneiras

Sardinhada à minha maneira

Retorno ao Ljubomir Stanisic e ao 100 Maneiras na volta de uma visita que lhe fiz na semana passada. Aproveitei para comprar o livro do Ljubo, chama-se 100 Maneiras e o Chef é autor (em colaboração com Duarte Calvão - textos e Nuno Fonseca - fotografia), editor e distribuidor. Ljubo assume o risco, mais um, com audácia e espírito empreendedor, neste caso o da edição de autor. O livro, como já devem ter lido ou ouvido, é magnífico e mostra como o Ljubo se integrou na vida portuguesa e como a sua cozinha é, em grande parte, uma recriação dos nossos sabores. A foto mostra um bom exemplo: a sardinhada à sua maneira (nome informal para a Tosta de sardinhas marinadas, caviar de beringelas e sabor de sardinhadas). Comi estas sardinhas com a Teresa Gomes na nossa primeira visita ao 100 Maneiras (na altura a preparar o 2º Dão e Douro, em Lisboa) e ficamos siderados.

Como para chegar onde o 100 Maneiras chegou é preciso uma equipe aí vai a foto de família.


De salientar o João Antunes (sub-chef e o descanso do sono do Ljubo), Cristiane Aurich (chefe de sala) e Manuel Moreira (não está na foto mas todos sabem da sua importância nos vinhos servidos no 100 Maneiras). Uma vénia e um agradecimento a toda a equipe. É bom, melhor, é muito bom, termos restaurantes assim. Como diria o Augusto: Cin-Cin!

sexta-feira, 16 de junho de 2006

Granizo no Vale do Douro

Estrada Pinhão-Covas do Douro junto à Quinta de la Rosa

Como sabem houve na noite de quarta para quinta uma forte trovoada com queda de granizo aqui no Vale do Douro. As áreas mais afectadas, tanto quanto consegui apurar, são Gouvães, Sabrosa, Provezende, Vale de Mendiz e partes do vale do rio Torto.
O granizo foi bastante localizado e, por sorte, não atingiu as vinhas da Quinta do Infantado, passou perto mas ao lado.
Alguns produtores amigos não tiveram a mesma sorte e foram afectados: Jorge Moreira (vinhas do Poeira), Quinta de la Rosa, diversos lavradores de Vale de Mendiz que fornecem, entre outros, a Niepoort e a Bago de Touriga, Cristiano van Zeller, ...
A todos os lavradores afectados, a maioria dos quais não conheço pessoalmente, envio um voto de coragem e solidariedade. É uma hora difícil, não só pela produção perdida de 2006 como pelos danos, maiores ou menores, nas videiras com repercussão para o futuro.

quarta-feira, 14 de junho de 2006

Vinhos & Petiscos by Miguel Castro e Silva

(Este é um post long due)

Já faz uns meses que o Bull & Bear reabriu depois da reformulação que o Chef Miguel Castro e Silva achou necessária.
IMHO (in my humble opinion) Miguel Castro e Silva é um dos grandes Chef do mundo.
Mas, e indo ao que mais nos interessa, é sem dúvida um dos que mais tem feito pela gastronomia portuguesa e pelos vinhos de nuestro país.
Para além da reformulação do espaço físico houve também uma actualização da Carta de Vinhos, onde é possível perceber, pelas escolhas do Miguel, a sua qualidade na apreciação dos vinhos.
(parêntesis for self-promotion, é claro que eu e o Luís Soares Duarte ficamos contentes de ver o Montevalle Reserva 2002, os três Gouvyas 2003 [Reserva branco e os tintos Colheita e Vinhas Velhas], mais o Mauro 2002 incluídos na carta).
Para além da redecoração do Bull & Bear, para o qual Miguel desenhou o mobiliário, e das actualizações do Menu e Carta de Vinhos, surgiu um conceito novo: Vinhos & Petiscos.
É um bar-à-vins, não é muito mais cool que wine bar ou bar de tapas?, que o Miguel abriu onde era a antiga sala de espera. A ideia foi criar um local onde tanto se pode comer uma refeição, como apenas petiscar e bebericar ou solamente beber umas gotas e pingas.
O Vinhos & Petiscos do Miguel (o nome é meu, ainda não foi aceite :-) tem uma cozinha própria para a qual Miguel fez regressar, em Novembro de 2005, Rúben Couto, que já tinha trabalhado com ele na cozinha do Bull & Bear (entretanto o Rúben foi para Barcelona estudar mais culinária e, most likely e infelizmente, não deve voltar a trabalhar em Portugal tão cedo pois está apostado em ficar a trabalhar em España ou France).
As propostas gastronómicas são interessantes e a preços tentadores, vão mudando com regularidade pelo que vale a pena ir e voltar.
A Carta de Vinhos, evidentemente mais reduzida que a do restaurante, inclui uma série de vinhos a copo que mudam todos os meses.
All in all, quem ainda não conhece tem que fazer uma visita.
Contactos: Av. da Boavista, 3431 no Porto, no prédio da Bolsa de Derivados.
Telefone 226 107 669, e-mail
miguelcastrosilva@yahoo.com

segunda-feira, 12 de junho de 2006

WineGeek'sDinnerFestita@Foco, featuring MP aka dj ToZelo

Quem esperava apenas um jantar e grandes (e médios) vinhos enganou-se. A edição 2 dos WineGeek'sDinner, foi a revelação do casal mais eletro-xic-london-kit(ch)en actualmente a viver na muy invicta y leal city.
Karaças, k'eu não estava à espera.
Boas gotas, também, kool spirits.
Venha a terceira.
(komentários dos vinhos para o MP e PP, hope eu)

Gonçalo's first WineGeekDinnerParty @Foco

mudou para http://eletropope.blogspot.com/2006/06/gonalos-first-winegeekdinnerparty-foco.html

gota e pinga em Köln

reparem que a rolha é rolha not screw-U-cap

quinta-feira, 8 de junho de 2006

O Chef Feliz

mudou para http://eletropope.blogspot.com/2006/06/o-chef-feliz.html

Uma janela portuguesa, com certeza



Ao entrar no VírGula sente-se que o vinho é uma parte importante do conceito do restaurante.

Talvez porque o Pedro Rodrigues é um grande apreciador da gota e pinga e isso nota-se.

As garrafas de grande formato no balcão chamam logo a atenção.

E, estes estores feitos de garrafas são fabulosos.

quarta-feira, 7 de junho de 2006

2006, um grande ano?

A foto é de hoje, aqui na Quinta do Infantado.
Uma videira já com uma idade respeitável (anyway, mais do que eu :-), uns cacho bonitos e um solo sem herbicida.
Nos últimos tempos temos tido tempo quente e seco demais para a época. É bom para as doenças, mau para o solo.
Se tivesse rega estaria a planear regar as vinhas mais jovens. Secura, alguma é precisa, mas quando intervir? E, queremos Porto Vintage ou Douro reserva?
Truth is, como diz alguém, não sabemos, tirando alguns factos óbvios, o que faz um grande ano.

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Chef Ljubomir Stanisic at work

O prato é Vieira salteada com camarão, creme de couve-flor e gengibre frito.

Chef Philippe Peudenier at work


Achei que tinha piada (quero decir, interesse) colocar fotos de trabalho na cozinha de alguns Chefs que participaram no 3º Dão e Douro, em Lisboa.
O prato é o bife com batatas fritas.

domingo, 28 de maio de 2006

Esta foto representa o último acto oficial do 3º Dão e Douro, em Lisboa. Teresa Gomes (Wine Solutions) entregou a receita do Leilão Humanitário a Silvia (em representação da Biocoop) e Celeste (em representação da Associação Sol).
A receita total foi de € 4330.00, logo € 2165.00 para cada organização.
Espero, sinceramente, que no próximo ano tenhamos uma participação no Leilão com um verdadeiro espírito humanitário, por forma a conseguir uma receita mais significativa.
De qualquer forma, aqui fica um agradecimento a todos os Produtores que ofereceram os vinhos e aos participantes que estiveram connosco na Sala Ogival.

quinta-feira, 25 de maio de 2006

Bebo aos jograis





Believe it or not, não é só rótulo.
Também tem uma garrafa.
Também tem cápsula.
y, até, vino rosso.

termino con una prosa y verso de
KarlOwn,
QueijoMao é Bom, a lactic creation


alimento os pardais e bebo aos jograis
com as pingas reais que sobraram.
O dificil porto da Revolta já marchou em vários cozinhados, morangos, tartes, pudins.
E, no escuro, garrafa sem nome
um pomadão pomadouro?
O oiro não me brilha.

KO

terça-feira, 23 de maio de 2006

Terroso de 2004 - nova imagem


Este é o novo rótulo do Terroso, o nosso (nosso, da Bago de Touriga) vinho mais descontraído, para ocasiões onde o vinho tem presença mais discreta.

Do anterior mantivemos o nome (claro) e a expressão Terroso de 2004, algo que eu e o Luís sempre gostamos.

O resto é tudo novo. E gostamos muito. Fizemos uma espécie de mini-micro teste de mercado em que pedimos aos inquiridos para escolher entre este e um rótulo mais modernaço e forte. As opiniões dividiram-se. No fim, eu e o Luís acabamos por nos decidir por este. Espero que gostem.

Acreditamos, talvez com um pouco de presunção, que cada ano fazemos melhores vinhos. Assim é com o Terroso de 2004. Em breve numa garrafeira ou restaurante perto de si.

O trabalho é de Miguel Felix, da companhia, design de comunicação.

Terroirs du Douro


Os terroirs do Vale do Douro (e, IMHO, um pouco por todo o país) ainda não são muito conhecidos. No caso específico do Douro penso que há várias razões que são importantes para este desconhecimento:
  • até há poucos anos havia poucos vinhos de quinta (sobretudo em a) vinho Douro e b) vinho do Porto vintage). Ora, sendo vinhos feitos com uvas de várias origens não permitem (ou dificultam) a identificação de terroirs.
  • o facto de não haver duas vinhas com a mesma percentagem de castas, em muitos casos nem sequer as mesmas castas, dificulta a identificação dos terroirs. Será mais importante o facto de eu ter Tinta Barroca e o meu vizinho ter Tinta Amarela ou o facto de estarmos no mesmo local? A idade das videiras é outro factor de diferenciação.
  • sendo as encostas, na generalidade dos casos, com inclinações elevadas uma mesma vinha varia bastante em altitude, facilmente de 100 m a 400 m (ou mesmo mais). Mais um factor que introduz variabilidade.
  • uma mesma parcela de vinha no Douro pode ter 3 exposições dominantes, o que, nalguns anos, é igual a 3 vinhos diferentes.
  • restam o solo (bastante uniforme) e os métodos de vinificação (mais em Porto do que em Douro) como elementos mais pró-terroir :-)

Enfim, dito isto, penso que resulta claro que é necessário um trabalho sério de investigação que só será conseguido se houver colaboração entre os produtores do Douro, sobretudo entre os que estão mais avançados.

Para o mercado actual um vinho ser do Douro é (ou parece ser) suficiente. Todos conhecemos pessoas que "Só gosto de vinhos do Douro", ou "Não gosto de vinhos do Dão" ou outras generalizações igualmente balofas. Ok, há quem prefira "Os meus vinhos são os do Douro Superior".

Para quem é um pouco mais sério na apreciação do vinho, parece-me que estamos a chegar à fase em que é interessante começar a provar e discutir áreas mais pequenas, diferenças mais subtis.

A foto no cimo destas linhas mostra o que acredito ser um terroirs interessantes: o vale do rio Torto.

Belle de jour


Um belo dia aqui no Douro.
Em primeiro plano a Quinta do Porto (Ferreira, Sogrape), depois a Quinta da Boavista (Offley, Sogrape), depois uma das vinhas da Quinta do Infantado.
Ainda não fomos comprados!

segunda-feira, 22 de maio de 2006

Em 1944 era assim...

Ano 1944, a revista Região do Douro lança um número especial para comemorar a inauguração da sede da Casa do Douro, na Régua. Pérolas.





A fiscalização do IVP (ainda não era IVDP) era muito mais activa. Tinham contrato com o Gulliver que nem aos pobres dos carregadores dava descanso, não fora algum deles beber uma gota ou pinga de tratado sem o devido selo de garantia.


















A Niepoort já dizia que quem sabe, sabe, e a Niepoort sabe.
O telefone era o 28!

















Naqueles tempos era só discar 190 no telefone e da Uva logo nos informavam sobre as últimas novidades dos vinhos do Douro... ou de Tôrres Vedras






















A Raposeira já patrocinava a felicidade!

sexta-feira, 19 de maio de 2006

3º Dão e Douro, em Lisboa



Terminou no passado domingo, 14 de Maio, o 3º Dão e Douro, em Lisboa, uma organização conjunta da Bago de Touriga e Wine Solutions.

Um agradecimento a todos os Produtores, Parceiros (garrafeiras, lojas gourmet e restaurantes), Patrocinadores (CVR Dão e IVDP) e Apoiantes (destacando Força Motriz e Alug'Aqui).

E, claro, à razão de ser de todos os eventos, a todos quanto participaram nas provas, jantares, leilão e prova final.

Deixo aqui a nossa última press-release.

Já passava das 21 horas quando Ana Paula Lopes, escanção do restaurante Valle-Flôr, pôde começar a arrumar a Sala Belém do Pestana Palace Hotel. Embora previsto acabar às 20h só alguns minutos antes os últimos convidados tinham saído, e ainda com mais vontade de ficar do que partir!, da sala onde se realizou o último evento do 3º Dão e Douro, em Lisboa: a Prova de Excelência que reuniu os 40 produtores participantes para dar a conhecer a Lisboa os vinhos da última vindima (2005) e mais uma centena e meia de novidades. Azeites, Queijos, Compotas e Enchidos de Porco Bísaro completaram a paleta de aromas e sabores.

Chegava ao fim a edição de 2006 desta iniciativa, que começa a tornar-se um clássico, das duas mais prestigiadas regiões vinícolas de Portugal.
O desafio foi lançado com a pergunta: Conhece o Dão e o Douro?
Sob o lema Provar Bons Vinhos, Saborear a Boa Mesa os produtores do Dão e do Douro procuraram, ao longo de 11 dias, ajudar os Lisboetas a encontrar respostas.

Ao trabalho apaixonado, e tantas vezes cruel dada a importância na qualidade final dos incontroláveis desígnios de S. Pedro que em algumas colheitas arrasam meses de labor em poucas horas ou dias, dos artistas do vinho juntaram-se os seus parceiros de eleição: as garrafeiras e lojas gourmet e a restauração. Todos unidos numa missão comum, mostrar como os Bons Vinhos e a Boa Mesa têm que andar de mão dada, seja nos restaurantes seja na casa de cada um.

Nas garrafeiras e lojas gourmet foi possível provar, esclarecer dúvidas com os produtores e enólogos, e adquirir vinhos do Dão e do Douro a preços especiais. Uma excelente oportunidade para comprar com mais segurança e imaginando, desde logo, as combinações com aquele prato favorito ou o que servir no próximo almoço em família. As 12 lojas que aceitaram o convite são um sinónimo de profissionalismo, de atenção ao Cliente, de saber que fazem a diferença para a cada vez mais hegemónica distribuição moderna. O canal do comércio tradicional precisa de ser acarinhado, respeitado e promovido pois é uma parte importante da vida das cidades, um travão à deshumanização do nosso dia-a-dia.

Se é hoje consensual, quase já um lugar comum, dizer que nos últimos 10-15 anos a qualidade dos vinhos portugueses no geral, e os do Dão e do Douro em particular, aumentou de forma exponencial, reconhece-se também o grande esforço feito pela restauração para atingir um nível elevado. Os 13 restaurantes aderentes ao 3º Dão e Douro, em Lisboa, são disso um exemplo claro. Na gastronomia, no serviço, na procura de harmonias entre vinhos e comidas. Cabe realçar os 6 restaurantes que realizaram jantares de degustação, onde cada Chef e cada Escanção procuram as melhores maridagens entre o vinho e a comida, onde todas as equipes deram o seu melhor para proporcionar momentos especiais e únicos aos comensais participantes.
O primeiro jantar foi no Eleven, onde Joachim Koerper e Jorge Bita enfrentaram Status 2005 branco, Montevalle Reserva 2002 tinto, Quinta da Revolta Tinta Roriz 2003 tinto, Quinta da Falorca Touriga Nacional 2003 tinto, Kolheita 2003 tinto, Quinta da Pellada Touriga Nacional 2004 tinto, Dado 2003 tinto e Quinta do Infantado Porto Vintage 2000. Quem lá esteve não esquecerá o Robalo braseado com tomate confitado e chouriço nem o ambiente magnífico que percorreu todo o jantar.

Seguiu-se o Tavares, templo da gastronomia lisboeta fundado em 1784. Philippe Peudenier e Arlindo Madeira trataram com carinho e arte o Gouvyas Reserva 2003 branco, Casa de Santar Reserva 2003 tinto, Quinta de Cabriz Four C 2003 tinto, Calheiros Cruz Grande Escolha 2000 tinto, Viseu de Carvalho Grande Escolha 2003 tinto, Esmero 2003 tinto, Gloria Reserva 2003 tinto e Casa de Santa Eufemia Porto Branco Velho. Excelente gastronomia onde temos de destacar a ousadia de servir um bife com batatas fritas (assim apresentou José Pereira dos Santos, o nome por trás da renovação do Tavares, a Fatia de lombo grossa, lacada com um pouco de molho de soja, Bock choy e batatas americanas).

A primeira semana terminou com um jantar em Cascais no 100 Maneiras. Ljubomir Stanisic, Manuel Moreira, competentemente secundados por Cristiana na sala, brilharam a grande altura nas composições escolhidas para Quinta dos Roques Encruzado 2004 branco, Três Bagos Grande Escolha 2003 tinto, Cerro das Mouras Grande Escolha 2003 tinto, Quinta do Além Tanha Vinhas Velhas 2003 tinto, Quinta da Pacheca Reserva 2004 tinto, Quinta da Vegia 2004 e Quinta da Pacheca Porto LBV 2002. Uma refeição onde o equilíbrio e harmonia entre o que se comeu e bebeu esteve inexcedível.

O primeiro jantar da segunda semana acabou por ter de ser desdobrado em dois tal a procura para refeiçoar n’A Galeria Gemelli. Augusto Gemelli e sua esposa Andreia na cozinha, José Mesquita e Rui Rodrigues (considerado o escanção do ano e recentemente transferido para a Rua de S. Bento) na sala formam um equipe vencedora. Os seus desafiantes foram Vinha de Goje 2005 branco, Terras de Tavares Reserva 2003 tinto, Aneto 2003 tinto, L'Escale D'Oro Reserva 2003 tinto, Poeira 2004 tinto, Quinta de La Rosa Reserva 2004 tinto e Quinta de La Rosa Porto Vintage 2003. Tal como em 2005 Augusto Gemelli fez um menu cujo principal objectivo era, nas suas palavras, “deixar brilhar os vinhos”. Uma noite memorável onde bases culinárias italianas encontraram aromas e sabores dos quatro cantos do mundo.

Mais uma corrida, mais uma viagem, restaurante Valle-Flôr no Pestana Palace Hotel. Aimé Barroyer merece, quando for criado, o Oscar para investigação e re-invenção dos produtos gastronómicos portugueses, pelo seu trabalho de pesquisa exaustiva neste campo. A ele se deve a recriação de sabores que para as nossas avós (ou mesmo bisavós) eram habituais mas que se perderam nos últimos 50 anos de estandardização e massificação. Aimé, a sua equipa de cozinha e Ana Paula Lopes tiveram pela frente Lagar de Darei 2003 branco, Vértice 2004 branco, Quinta de Vale da Raposa Touriga Nacional 2003 tinto, Borges Dão Reserva 2003 tinto, Borges Douro Reserva 2003 tinto, Quanta Terra 2003 tinto, Quinta das Tecedeiras Touriga Nacional 2003 tinto, Vértice 2003 tinto e Taylor's Quinta de Vargellas Porto Vintage 1995. Um jantar de enciclopédia onde é quase injusto destacar o “Do regresso de uma levada inspirado... Espada no forno com pinhões e azeitonas, banana maçã, espuma de queijo da Serra DOP e toucinho de fumo”.

Coube a Vitor Sobral, por coincidência o único Chef português dos jantares de 2006, a sua equipe de cozinha, o chefe de sala José Domingos e o escanção Nuno Jorge, encerrar os jantares de degustação do 3º Dão e Douro, em Lisboa, no Terreiro do Paço. Um menu de degustação de alto nível harmonizado com Casa de Mouraz 2004 branco, Castello d'Alba Reserva 2005 branco, Batuta 2003 tinto, Quinta do Infantado Reserva 2003 tinto, Quinta do Perdigão Reserva 2004 tinto, Quinta do Cachão Grande Escolha 2004 tinto, Quinta do Monte Travesso 2004 tinto, Niepoort Porto Colheita 1994 e Niepoort Porto Party Tawny. Vitor Sobral a mostrar-se em grande forma e a surpreender os mais desatentos. Um jantar final num ambiente verdadeiramente festivo e que pode servir como resumo da ideia base: Provar Bons Vinhos e Saborear a Boa Mesa.

Antes deste último jantar, mesmo ali ao lado na Sala Ogival da ViniPortugal, realizou-se o Leilão Humanitário a favor da Associação Sol e da Biocoop. Embora não sendo o sucesso, sobretudo monetário, que ambas as organizações mereceriam, acabou por ser bastante positivo, tendo em conta que é o primeiro leilão de vinhos com este carácter de solidariedade que se realiza em Portugal.
Os produtores do Dão e do Douro doaram garrafas raras com a particularidade de todas estarem autografadas, o que tornou cada lote do leilão uma peça verdadeiramente única. A receita aproximou-se dos €4’500, o lote mais caro, arrematado por €200, foi um conjunto de duas Magnum oferecidas pela Niepoort: Redoma Reserva branco 2004 e Porto Vintage 2003. Luísa Castel-Branco foi a bem disposta Leiloeira de serviço.

Plagiando o inspector da Balada da Praia dos Cães, “Recapitulemos ...”
40 produtores do Dão e do Douro promoveram, ao longo de 11 dias em Lisboa, provas em 12 garrafeiras e lojas gourmet, 6 jantares de degustação, promoção de vinhos a copo em 13 restaurantes, um leilão humanitário, uma prova final com a primeira visão da vindima de 2005 e mais de 150 novidades, editaram um livro, ainda em banca, “Provar Bons Vinhos e Saborear a Boa Mesa” (distribuído com jornal Público) e um Caderno de Provas, lançaram um site,
www.daoedouro.com com toda a informação sobre os vários eventos e fizeram um pequeno filme que passou nos paineis outdoor Canal Lisboa. É obra!

Para 2007, porque esta organização gosta de inovar, outras novidades estão previstas, para já ainda fermentam e estagiam, serão desarolhadas mais tarde.Por agora, fica o agradecimento do Dão e do Douro a Lisboa. Bem hajam.

Podem ver comentários em:

Um ano e meio depois ...

yes, um ano e meio depois volto a escrever aqui.

acho que influenciado por tantos outros bloggistas com quem convivi nos últimos dias.
também por pensar que vou conseguir levar isto mais ou menos a sério.

enfin, a ver vamos.

até já,
joão
 
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