terça-feira, 27 de junho de 2006

Credibilidade y Bom Senso


Mesmo antes do número 200, a revista de Julho, a Revista de Vinhos 1999 faz, nas palavras do director Luís Ramos Lopes, dois avanços significativos: remodelação gráfica e reforço do tema gastronomia.

Quanto à remodelação gráfica não sei, por enquanto, que diga.
Em Janeiro de 2005, número que marca os 15 anos da Revista de Vinhos, dizia o Luís "A Revista de Vinhos aparece de "cara lavada", ... evidencia um conjunto de novos pormenores estéticos que visam tornar a leitura mais fácil e agradável. Uma renovada atenção à qualidade fotográfica ..."
Em Junho de 2006, um ano e meio depois, diz, de novo, o Luís "a remodelação gráfica, que visa tornar mais apelativa a leitura, através da melhor arrumação do texto e do maior destaque das fotografias".
Quando o grafismo é profissional, gostar mais ou menos é uma questão pessoal. A qualidade das fotografias está muito relacionada com a pré-impressão, o Ricardo Palma Veiga já não tem nada a provar quanto à sua qualidade fotográfica.
Como primeira impressão não fiquei deslumbrado.

Muitíssimo mais importante, pour mois, é o David Lopes Ramos.

Quem o conhece, e refiro-me ao que escreve, sabe da enorme competência, credibilidade e bom senso do David e como é agradável a leitura da sua escrita.
O primeiro artigo, Bacalhau - uma paixão nacional, mostra um David Lopes Ramos num formato diferente do FUGAS, com mais espaço para nos informar e educar, com a possibilidade de ir mais fundo, desenvolver o tema como ele gosta.
Só por si, a chegada do David à Revista de Vinhos, é um plus importantíssimo.

Tem-se escrito, em muitos e diversos sítios, que a Revista de Vinhos muda para responder à Blue Wine. Na maior parte dos casos, passa-se a ideia que esta mudança é a prova que a Revista de Vinhos estava cansada, menos interessante (estou a eliminar opiniões radicais pois, na sua maioria, não passam de ruído e, sinceramente, não me interessam as polémicas estéreis).
Por um lado, acho positiva a concorrência, sendo leal e franca induz a evolução e traz benefícios ao mercado. Por outro, não acho correcta esta associação causa-efeito.
A equipe da Revista de Vinhos é constituída por grandes profissionais, que nunca estiveram a dormir à sombra da videira. Sempre defendi o que me parece mais importante, e aqui estou totalmente de acordo com o Luís Ramos Lopes, a credibilidade e, acrescento eu, seriedade da Revista de Vinhos.
Isto não quer dizer, nem poderia ser de outra maneira, que concordo com tudo o que se escreve. Que não há notas e comentários a vinhos que não me parecem muito acertados. Que não gostaria este ou aquele tema, para mim importante, abordado na Revista.
É como fazer um vinho. Para além das ideias e vontades que temos, e estas vão mudando à medida que vamos aprendendo, errando, acertando, tentando, há muitos factores que influenciam o resultado final.
É como quando nós provamos um vinho. Porquê que hoje não nos sabe tão bem como na semana passada? Porquê ao lado do vinho x o vinho y parece diferente? Todos temos experiências que nos surpreendem, que nos intrigam.
Mas, aos críticos não o permitimos. Não, só deram 12 porque não gostam do produtor, não fez anúncios, ... Se tem 19 é porque lhes encheram a cave de caixas e caixas, convidaram para grandes jantaradas, alteraram a nota quando viram o rótulo...
Não tenho dúvidas que não é assim que a Revista de Vinhos trabalha.

Enfim, em resumo, considero a Revista de Vinhos muito boa, talvez melhor do que nós portugueses mereceríamos. Tem um trabalho de muitos anos que foi decisivo na formação enófila do país. E continua aí para as curvas.

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