quarta-feira, 26 de julho de 2006
Las rutas del vino - Portugal por Luis Gutiérrez
Luis Gutiérrez é um sério apaixonado do vino. Melhor, é um um sério apaixonado de muitos vinos. Entre eles, atrevo-me a dizer, os portugueses, e ainda mais os do Vale do Douro, ocupam um lugar especial.
Luis Gutiérrez acompanhou a recente evolução do vinho em Portugal, de novo, a do Vale do Douro ainda mais, como (talvez) nenhum outro wine writer não residente em PT. Nas suas muitas visitas conheceu, e deu a conhecer a outros espanhois, muitas bodegas portuguesas. Em Madrid organizou e/ou participou em diversas catas de vinhos portugueses, esteve presente em jantares, divulgou de formas diversas os nossos vinhos.
Na sua última visita, veio ao centenário da Quinta de La Rosa, surpreendeu-me com uma oferta, um livro. Pois, que no hace muchos meses tínhamos falado num livro sobre os vinhos PT, sobre o Douro... Não podia acreditar que o livro estava feito.
Na "biblioteca METROPOLI" (Metropoli é um suplemento urbano do El Mundo), na colecção "las rutas del vino" (há as ... en España e há as ... en el mundo), Luis escreveu o volume 19 - Portugal: Douro, Oporto, Dão, Bairrada, Alentejo.
Sendo um guia de ruta, a sua organização segue um modelo confortável para o viajante.
Se Luis é un escritor de vinos, acho que se sai muito bem neste papel de escriba más turistico. Luis faz uma introdução ao país e depois seguem-se as rutas por regiões produtoras. Os nomes que Luis encontrou para as suas rutas, despertam a curiosidade. Sentem a tentação de De Muxagata a Santa Marta de Penaguião ou De Buçaco a Anadia? Para além de textos sobre algunas bodegas, há diversas informações sobre locais a visitar, alojamento, gastronomia e restaurantes, tiendas, curiosidades.
Mais um esforço positivo e de qualidade do Luis Gutiérrez na divulgação do vinho português e do que se faz em PT. Parabéns!
Estas rutas del vino vendem-se em España a €4.95. Não sei se vendem para Portugal mas podem ligar ao Servicio de Atención al Leitor +34 902 999 946.
segunda-feira, 24 de julho de 2006
Portugal: Um Retrato Gastronómico
Está quase no prelo a obra Portugal: Um Retrato Gastronómico. Trata-se de um livro com os chefs Antoine Westermann e Miguel Castro e Silva, sob uma ideia e coordenação de D. André de Quiroga.
Não precisando, obviamente, os dois chefs de apresentação, parece-me interessante recordar, quanto mais não seja para avivar a memória, etapas importantes de ambas as carreiras.
Respeitando a ordem alfabética do nome começo por Antoine Westermann.
No percurso de Westermann o restaurante Le Buerehiesel (4, parc de l’Orangerie - 67 000 Strasbourg) é a referência incontornável. Desde 1970 que a inspiração e a força criativa de Westermann têm por base esta sua cozinha na Alsace. O desenvolvimento de conceitos e todas as receitas originais tiveram lugar neste restaurante, uma casa original de Molsheim, construída em 1606-1607 e posteriormente desmontada e remontada, peça por peça, no parc de l’Orangerie. Hoje falar de Westermann é também falar da sua família Viviane, a esposa, coordenadora do Le Buerehiesel, e os filhos Eric, na cozinha do Le Buerehiesel, e Jean, director do Secrets
de Table (o seu segundo restaurante em Strasbourg).
A sua relação com Portugal iniciou-se em 1998, a convite de Alan Ho (sobrinho de Stanley Ho, magnata de Macau), no restaurante Fortaleza do Guincho. Como chef consultor Westermann montou uma equipe chefiada por colaboradores próximos (inicialmente Marc le Ouedec como chef executivo, lugar actualmente desempenhado por Vincent Farges) que aceitaram colaborar nesta aventura. A cozinha da Fortaleza do Guincho é hoje em dia Antoine Westermann à portuguesa.
Miguel Castro e Silva é, IMHO sem sombra de dúvida, um dos melhores chefs a nível mundial. No seu percurso abriu 3 restaurantes próprios Quinta dos Vales, Restaurante do Miguel e, em 1997, Bull & Bear onde se mantém.
Miguel tem uma carreira singular, baseada em dois princípios angulares: a recriação de sabores e aromas portugueses e uma estreita, e sempre presente, ligação entre a gastronomia e vinhos.
Não resisto a citar MCS: "Muitas das recordações que perduram na nossa memória encontram-se ligadas a um sabor especial, a um perfume, ..." ou "A minha principal fonte de inspiração são sempre os sabores e os cheiros."
Refiro, como exemplos que me estão mais próximos mas não esquecendo que se trata apenas de 2 singelos momentos numa carreira com dezenas deles, os dois jantares que a Bago de Touriga realizou em colaboração com o Miguel, onde se levaram a cabo maridagens clássicas (Cachaço de Porco preto com migas de grelos + Gouvyas 2003 tinto) e outras mais ousadas (Pezinhos de Coentrada com Risotto de Açafrão + Gouvyas Reserva 2003 ou Amêijoas com Feijão Manteiga + Gouvyas Cuvée OP 2000 magnum), com resultados magníficos.
A paixão do Miguel pela cozinha não é maior do que a que nutre pelo vinho. E, como corolário, o seu papel na divulgação dos vinhos portugueses foi/é de enorme relevo.
A ideia de D. André de promover “produtos portugueses de denominação de origem e autenticidade incontestável”, inserida no projecto A Arte de Ser Português, passa por estes dois grandes chefs. O desafio é que cada um crie receitas originais para produtos DOP e/ou IGP.
Tudo isto vai aparecer “num livro luxuoso mas também embaixador dos sabores e produtos portugueses no circuito internacional de alta cozinha”. Para além da cozinha testemunhos de alguns dos mais importantes personagens dos vinhos portugueses como Fernando Guedes, João Nicolau de Almeida, Dirk van der Niepoort, Álvaro Castro, João Portugal Ramos, entre outros.
O conceito parece-me excelente e, pelo que pude ver, o resultado também.
Acrescento, parece fácil mas não é. Daqui vai uma palavra de estímulo e outra de congratulations para Mr. Quiroga. 3 HipHipHurras para o Conde!
(www.aartedeserportugues.com.pt)
segunda-feira, 17 de julho de 2006
1906-2006 Quinta de La Rosa 100 anos
Foi em 1906 que a quinta foi oferecida a Ivy Winifrid Claire Feuerheerd, conhecida de forma mais simples como Claire. Até aos anos 30’s a quinta foi dirigida pelo seu pai, Albert.
Em 1930 Claire casou com Eric Bergqvist, e no ano seguinte, a 17 de Julho, faz hoje 75 anos, nasceu Tim. Parabéns, Tim!
Claire runs the quinta até 1972. Segue-se o filho Tim.
Com a ajuda da filha Sophia começam a fazer Portos sob o nome Quinta de la Rosa em 1988 e, com uma mãozinha de David Baverstock, Douros em 1991.
Em 2002 Jorge Moreira joins la Rosa. Em 2005 compram a Quinta das Bandeiras no Douro Superior.
Assim escrito, muito telegráfico e factual, não tem grande piada, i know. Mas ouvir a Sophia a contar esta história de um século, com todas as peripécias, sucessos e insucessos, alegrias e tristezas, teve um sabor especial.
Mais de uma centena de convidados dos onze ou doze cantos do mundo puderam não só ouvir a Sophia, como partilhar com os Bergqvist e toda a sua equipe momentos de puro prazer.
Obrigado e love 2 U, too.
quarta-feira, 12 de julho de 2006
Blue ou cor-de-rosa?
Saiu a Blue Wine nº 3 Julho de 2006. Será blue ou é mesmo cor-de-rosa?
Unas breves notas.
TOP 100 Vinhos Portugueses – seis novas entradas no “ranking”. Ok, digo eu, mas so what? Esta do TOP não deixa de ter as suas coisas. É que comparar, just as an example, um Loureiro com um Porto Vintage, tem que se lhe diga. E, penso eu de que, se não houver um Loureiro no top em Portugal onde é que vai haver?
Rui Falcão – não deixa de me surpreender, a cada nº da BW, a quantidade de textos da autoria do Rui Falcão: refeição extravagante (incluindo a prova dos brancos doces), Que vinhos guardar, Segredos do Vinho, Castas, Produtores de Garagem, mais parte das provas mensais. É obra!
Não gosto muito do termo garagem. [ainda por cima, hoje em dia, teríamos que perguntar “Mas é garagem ou garagem multimarcas?”]
Historicamente, é verdade que alguns vinhos começaram a ser feitos em verdadeiras garagens, exemplo máximo o vizinho Pingus. Também há algo da mística Apple e Microsoft, negócios também garage-based nos seus primórdios. Daí a chamar-se vinho de garagem a tudo o que é feito em pequenas quantidades (normalmente também com preços caros) foi um pequeno passo.
Penso que está por definir a quantidade limite da garagem, é um pouco mais complicado do que nos anúncios dos T4 com 2 lugares de garagem. Menos de 5’000 garrafas? Menos de 10’000? Menos de 20’000?
É evidente que o Rui pegou no título por sonante, pois o artigo (nas suas 4 partes) leva-nos mais para terroir do que para cambotas ou mudanças d’óleo.
Beber, ou como se diz aqui no Norte parolo “buber”, 18 brancos doces numa refeição não pode ser fácil. Mesmo a 50ml, equivalente a 3 ou 4 gotas ou pinguitas, sempre dá quase um litro, e umas boas dezenas de gramas de açúcar. Enfim, dito isto não importava de ter estado chez Koerper.
Outro título muito título como, suponho eu, um título deve ser é La vie en rose. Titule-se, pois.
Tudo em família conta a saga de uma família que de torna-viagem em torna-viagem se tornou o maior fornecedor de frigoríficos à Auto Europa. Um milhão e meio! Uff, que frio!. (just joking)
A sério, penso que todos os que já bebemos goles e pingas há uns anos temos, algures nas nossas memórias, um vinho da JMF ligado a este ou aquele momento importante. O Luís Costa descobriu uma boa máquina do tempo.
terça-feira, 11 de julho de 2006
FUGAS: Bragança e Alvarinho vs Albariño
Uma pequena nota sobre o FUGAS do passado fim-de-semana. Destaco Bragança no artigo do Pedro Garcias, “O renovado solar de Trás-os-Montes”. Para além de tudo o resto que é elogiado é de referir que “em Bragança é um crime comer mal”. Remato como o Pedro: “Porque, se há cidade onde vale a pena ir pela comida, Bragança é uma delas. Sobretudo agora que a distância deixou de ser um problema”.
Do David Lopes Ramos, Prazeres, é interessante o artigo sobre a prova Alvarinho vs Albariño realizada em junho de 2006 (já abundantemente ecoada na blogosfera).
Tanto quanto sei, e penso estar correcto, a primeira prova do género ocorreu há 6 anos, 10 de junho de 2000, e foi organizada pela Bago de Touriga e Susana Estéban! A prova foi cega com 8 catadores e 7 provadores e 12 Alvarinhos e 11 Albariños, sendo todos os vinhos de 1999. Dizíamos nós na altura: “Rías Baixas y Monção-Melgaço son dos regiones donde el Albariño/Alvarinho reina. Separadas apenas por el rio Miño/Minho, las dos regiones tienen mucho en común pero trabajan de una forma aislada, con poca comunicación y intercâmbio de ideas entre si. Esta prova-cata pretende romper con ese aislamiento y, al mismo tiempo, evaluar comparativamente los vinos que se hacen actualmente en Rías Baixas e Monção-Melgaço. Pretendemos que este sea un primer paso para uma nueva atitud y relación entre minhotos y galegos. ”
Por razões diversas esta prova nunca foi repetida, tendo-se, assim, perdido alguns dos objectivos pretendidos.
Entretanto, os Galegos entraram em força em Portugal, e falo de vinhos, sendo dois dos exemplos mais fortes o grupo Sogevinus (Calém, Burmester e agora Barros) e Quinta de Ventozelo...
segunda-feira, 3 de julho de 2006
Dia do Vinho @Palácio da Bolsa, 2 de julho '06
Pelo segundo ano a ViniPortugal quis celebrar o Dia do Vinho. É uma ideia recente, com mérito, mas, provavelmente, a repensar. Uma questão de datas, ou dias da semana, ou calor e praia, ou depois da selecção vencer a Grande Bretanha precisava-se mais de Frizes e Vidagos que copos de vino? Não sei, mas é certo que o vinho merece mais.
Fiquei-me praticamente por provas de brancos e rosés, excepção 3 tintos da Quinta de la Rosa, Vale da Clara 2005, Quinta de la Rosa 2004 e Quinta de la Rosa Reserva 2004, um Quinta de Azinhate 2004, e 2 Porto Vintage, Borges 2003 e Quinta de la Rosa 2004 (este último em amostra, mas já o lote final). Ainda bebi um Quinta do Noval, demasaido quente, com uns pedacitos de Roquefort.
Enfim, agradável para rever alguns amigos (incluindo o Saca-a-Rolha) e provar algumas coisas interessantes numa onda muy relax.
ViniPortugal, ViniPortugal
Não há outra igual.
Niepoort @Degusto, 29 de junho '06
Foi bonito ver todo o clã Niepoort (Dirk y Verena Niepoort, José Teles, Luís Seabra e Nick Delaforce) reunido. Não há nada a fazer ou a dizer, no nosso mundo vínico .PT a Niepoort é, incontestavelmente, a companhia mais charmosa.
Segundo nos contaram, este jantar foi assim como que “a primeira apresentação de novidades da Niepoort em Portugal”. Custa a crer mas, pelos vistos, nunca tinham organizado algo estruturado como uma “apresentação de novidades”. Por mim, podem repetir quando quiserem, com novidades ou sem novidades, com velharias ou sem velharias. Gosto deles e gosto dos vinhos.
Mais importante que notas sobre os vinhos, ou igualmente importante mas right now more fun to write about, foi a alegria e energia que percorreu todo o jantar. O José Teles, como sempre, com a sua personalidade CEO, o Dirk sem se atrapalhar no meio dos feed-backs do microfone, qual MC da fruta e da frescura, o Luís o verdadeiro charme de Nápoles. Tive pena que o Nick não tenha dito algo, también. Terá ficado seco com as explicações que teve que prestar na sua mesa, a que reuniu Os5às8, certamente uma das mais curiosas.
Gostei dos vinhos, se tivesse que escolher 3 para beber agora seriam: Porto Very Old Dry White, Tiara 2005 e Colheita de 1991. Os 3 tintos secos 2004 mais sérios, Redoma, Batuta e Charme mostram, para já, alguma da sua personalidade, mas vai ser preciso esperar por eles.
Ainda houve tempo para umas peripécias de magnums para cá e para lá (fico à espera de um convite para uma de Redoma Reserva 2004 branco que levei do Douro para Matosinhos). Tá-se bem!
Enfim, tivemos um glimpse duma Niepoort cada vez mais confiante, cada vez mais sólida. Apetece dizer: long reigns Niepoort.