Ainda não é oficial, mas já é mais do que um boato/rumor.
O que parecia ser uma pequena derrota de Joe Berardo, a antecipação da Dão Sul na compra da participação da Casa do Douro na Real Companhia Velha, era afinal mais uma jogada de mestre do comendador.
Neste caso não se tratou de fazer ruído e alarido, como aconteceu quando tomou cerca de 30% da Sogrape. Aqui, o truque foi o silêncio e as jogadas de bastidor. Para que não digam que ele não sabe o que faz. Felizmente, para ele, a maior parte das empresas de vinhos não estão cotadas, logo o sigilo é possível.
Aproveitando o bom momento da Sogrape (compras no Chile, lançamento de Mateus diversos, Grão Vascos um pouco por todo o lado) Berardo conseguiu vender a sua participação (a ser anunciada na bolsa no início da próxima semana) com enormes mais valias.
E, com esse dinheiro fresco, fez não um mas dois negócios no Douro.
Um para o prestígio, a compra de 49.9% da Niepoort, Vinhos SA. Diz quem sabe que se tratou de uma "oferta irrecusável", triplicou o valor mais optimista que Dirk e Verena poderiam estimar (não consegui apurar o valor, mas fala-se em 30 milhões de euros!).
Outro para o volume, provavelmente arrumando com as aspirações da Global Wines de se tornar um major player no Douro: um contrato com as 4 maiores Adegas Cooperativas do Douro (não esqueçam que a política do governo para o Douro tem como uma das prioridades salvar as cooperativas da falência ): Santa Marta, Régua, Alijó e Favaios.
Cria um canal de distribuição nos mercados externos, ficando com o exclusivo das vendas fora de Portugal. O mercado nacional irá ser renegociado, de forma a que as cooperativas não tenham que indemnizar os actuais parceiros.
Como contrapartidas, as 4 cooperativas, obrigam-se a submeter-se às directivas da equipa de enologia da Bacalhoa e igualmente aos seus economistas.
Para já, na assinatura do contrato Berardo vai disponibilizar 1 milhão de euros a cada cooperativa. É como que um "sinal". Quem não cumprir terá que devolver a dobrar.
Só para quem não sabe, cerca de 45% do Vinho do Porto é produzido por adegas cooperativas, valor esse que sobe a mais de 50% se falarmos de DOC Douro.
Enfim, por pouco mais do dobro dos 15.5 milhões que a Global pagou por 20.4% da RCV, Berardo compra metade da empresa mais apetecida de PT (Niepoort) e ainda consegue garantir volume de Vinho do Porto (e DOC Douro) para ir à guerra com os grandes do Douro: Sogrape (Ferreira, Sandeman e Offley), Symington (Graham, Warre, Dow, Cockburn, Vesúvio), Martiniquaise (Cruz) e Sogevinus (Calém, Barros, Kopke, ...).
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1 comentário:
dia 1 de abril... ahahah
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