segunda-feira, 24 de julho de 2006

Portugal: Um Retrato Gastronómico


Está quase no prelo a obra Portugal: Um Retrato Gastronómico. Trata-se de um livro com os chefs Antoine Westermann e Miguel Castro e Silva, sob uma ideia e coordenação de D. André de Quiroga.
Não precisando, obviamente, os dois chefs de apresentação, parece-me interessante recordar, quanto mais não seja para avivar a memória, etapas importantes de ambas as carreiras.
Respeitando a ordem alfabética do nome começo por Antoine Westermann.
No percurso de Westermann o restaurante Le Buerehiesel (4, parc de l’Orangerie - 67 000 Strasbourg) é a referência incontornável. Desde 1970 que a inspiração e a força criativa de Westermann têm por base esta sua cozinha na Alsace. O desenvolvimento de conceitos e todas as receitas originais tiveram lugar neste restaurante, uma casa original de Molsheim, construída em 1606-1607 e posteriormente desmontada e remontada, peça por peça, no parc de l’Orangerie. Hoje falar de Westermann é também falar da sua família Viviane, a esposa, coordenadora do Le Buerehiesel, e os filhos Eric, na cozinha do Le Buerehiesel, e Jean, director do Secrets
de Table (o seu segundo restaurante em Strasbourg).
A sua relação com Portugal iniciou-se em 1998, a convite de Alan Ho (sobrinho de Stanley Ho, magnata de Macau), no restaurante Fortaleza do Guincho. Como chef consultor Westermann montou uma equipe chefiada por colaboradores próximos (inicialmente Marc le Ouedec como chef executivo, lugar actualmente desempenhado por Vincent Farges) que aceitaram colaborar nesta aventura. A cozinha da Fortaleza do Guincho é hoje em dia Antoine Westermann à portuguesa.
Miguel Castro e Silva é, IMHO sem sombra de dúvida, um dos melhores chefs a nível mundial. No seu percurso abriu 3 restaurantes próprios Quinta dos Vales, Restaurante do Miguel e, em 1997, Bull & Bear onde se mantém.
Miguel tem uma carreira singular, baseada em dois princípios angulares: a recriação de sabores e aromas portugueses e uma estreita, e sempre presente, ligação entre a gastronomia e vinhos.
Não resisto a citar MCS: "Muitas das recordações que perduram na nossa memória encontram-se ligadas a um sabor especial, a um perfume, ..." ou "A minha principal fonte de inspiração são sempre os sabores e os cheiros."
Refiro, como exemplos que me estão mais próximos mas não esquecendo que se trata apenas de 2 singelos momentos numa carreira com dezenas deles, os dois jantares que a Bago de Touriga realizou em colaboração com o Miguel, onde se levaram a cabo maridagens clássicas (Cachaço de Porco preto com migas de grelos + Gouvyas 2003 tinto) e outras mais ousadas (Pezinhos de Coentrada com Risotto de Açafrão + Gouvyas Reserva 2003 ou Amêijoas com Feijão Manteiga + Gouvyas Cuvée OP 2000 magnum), com resultados magníficos.
A paixão do Miguel pela cozinha não é maior do que a que nutre pelo vinho. E, como corolário, o seu papel na divulgação dos vinhos portugueses foi/é de enorme relevo.

A ideia de D. André de promover “produtos portugueses de denominação de origem e autenticidade incontestável”, inserida no projecto A Arte de Ser Português, passa por estes dois grandes chefs. O desafio é que cada um crie receitas originais para produtos DOP e/ou IGP.
Tudo isto vai aparecer “num livro luxuoso mas também embaixador dos sabores e produtos portugueses no circuito internacional de alta cozinha”. Para além da cozinha testemunhos de alguns dos mais importantes personagens dos vinhos portugueses como Fernando Guedes, João Nicolau de Almeida, Dirk van der Niepoort, Álvaro Castro, João Portugal Ramos, entre outros.

O conceito parece-me excelente e, pelo que pude ver, o resultado também.
Acrescento, parece fácil mas não é. Daqui vai uma palavra de estímulo e outra de congratulations para Mr. Quiroga. 3 HipHipHurras para o Conde!

(www.aartedeserportugues.com.pt)

 
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