terça-feira, 23 de maio de 2006

Terroirs du Douro


Os terroirs do Vale do Douro (e, IMHO, um pouco por todo o país) ainda não são muito conhecidos. No caso específico do Douro penso que há várias razões que são importantes para este desconhecimento:
  • até há poucos anos havia poucos vinhos de quinta (sobretudo em a) vinho Douro e b) vinho do Porto vintage). Ora, sendo vinhos feitos com uvas de várias origens não permitem (ou dificultam) a identificação de terroirs.
  • o facto de não haver duas vinhas com a mesma percentagem de castas, em muitos casos nem sequer as mesmas castas, dificulta a identificação dos terroirs. Será mais importante o facto de eu ter Tinta Barroca e o meu vizinho ter Tinta Amarela ou o facto de estarmos no mesmo local? A idade das videiras é outro factor de diferenciação.
  • sendo as encostas, na generalidade dos casos, com inclinações elevadas uma mesma vinha varia bastante em altitude, facilmente de 100 m a 400 m (ou mesmo mais). Mais um factor que introduz variabilidade.
  • uma mesma parcela de vinha no Douro pode ter 3 exposições dominantes, o que, nalguns anos, é igual a 3 vinhos diferentes.
  • restam o solo (bastante uniforme) e os métodos de vinificação (mais em Porto do que em Douro) como elementos mais pró-terroir :-)

Enfim, dito isto, penso que resulta claro que é necessário um trabalho sério de investigação que só será conseguido se houver colaboração entre os produtores do Douro, sobretudo entre os que estão mais avançados.

Para o mercado actual um vinho ser do Douro é (ou parece ser) suficiente. Todos conhecemos pessoas que "Só gosto de vinhos do Douro", ou "Não gosto de vinhos do Dão" ou outras generalizações igualmente balofas. Ok, há quem prefira "Os meus vinhos são os do Douro Superior".

Para quem é um pouco mais sério na apreciação do vinho, parece-me que estamos a chegar à fase em que é interessante começar a provar e discutir áreas mais pequenas, diferenças mais subtis.

A foto no cimo destas linhas mostra o que acredito ser um terroirs interessantes: o vale do rio Torto.

2 comentários:

João Barbosa disse...

É por estas e por outras que o vinho me apaixona. É por estas e por outras que gosto do Douro. Adoro os mistérios deste vale, onde valem tantas experiências e sabedorias, onde cabem tantos paladares e sabe-se lá quantas certezas. Quanto mais oiço e leio sobre o Douro mais me fascino.

Pingas no Copo disse...

Caro João Barbosa gostaria, mais ainda, se uma parte de si fosse do douro (o meu lado paterno é de Freixo de Espada a Cinta. todos os anos tenho que lá ir)
Ainda me lembro de ir de comboio a vapor da Barca D'Alva até ao Pocinho e depois a Diesel até ao Porto e finalmente eléctrico até Lisboa...
Que saudades.

 
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